Disconexo
Apetece-me a folha impressa,
o quão pessoal pode ser o livro?
Apetece-me não ser maquinal,
repetitivo,
apetece-me e não me apetece o isolamento,
a suplica de uma mensagem escrita,
que lacrimeja a minha presença,
apetece-me não ser descordenado,
pensar com genialidade,
nunca estar errado,
apetece-me escrever devagar,
de lapis em punho,
não martelar teclas,
vaguear, divagar,
não ser objectivo,
ter objectivo,
apetece-me a luxuria,
os braços quentes de quem amo,
o peito sofrego pelos meus beijos,
o ventre ardente pelos meus desejos,
o extase de fazer amor numa noite de verão,
apetece-me acordar com um sorriso,
apetece-me...
o odio,
o sangue,
espancar alguém,
partir o pescoço a alguem,
ofegar, num segundo de intervalo,
de um combate sem taça,
uma luta de rua,
desigual,
a vida normal,
apetece-me não pensar,
não querer,
não estar,
pensarem em mim e eu não me importar,
desvaneçer,
que chorem a minha falta,
com uma gargalhada bem alta...
o quão pessoal pode ser o livro?
Apetece-me não ser maquinal,
repetitivo,
apetece-me e não me apetece o isolamento,
a suplica de uma mensagem escrita,
que lacrimeja a minha presença,
apetece-me não ser descordenado,
pensar com genialidade,
nunca estar errado,
apetece-me escrever devagar,
de lapis em punho,
não martelar teclas,
vaguear, divagar,
não ser objectivo,
ter objectivo,
apetece-me a luxuria,
os braços quentes de quem amo,
o peito sofrego pelos meus beijos,
o ventre ardente pelos meus desejos,
o extase de fazer amor numa noite de verão,
apetece-me acordar com um sorriso,
apetece-me...
o odio,
o sangue,
espancar alguém,
partir o pescoço a alguem,
ofegar, num segundo de intervalo,
de um combate sem taça,
uma luta de rua,
desigual,
a vida normal,
apetece-me não pensar,
não querer,
não estar,
pensarem em mim e eu não me importar,
desvaneçer,
que chorem a minha falta,
com uma gargalhada bem alta...
quinta mar. 03, 09:42:00 da tarde 2005
Poema d´amoniaco
Apetece-me hoje
Uma historieta de demônios.
Com os seus nomes católicos,
Suas vestes de lama.
Suas unhas vermelhas
Rabos antropomórficos,
Seus bigodes de leite,
Seus risos e seus segredos,
Sua má-fama,
Seus cascos de bode.
Apetecem-me
Os exércitos de Astaroth.
Grão-general
Dos esquadrões da Morte.
Apetece-me a cozinha
Nouvelle Vague e pachorrenta
Do meu íntimo Nisroth.
Com seus
Venenos saudáveis,
Com seus
Bolinhos de sorte.
Apetece-me a bonomia
Bolachuda de Behemoth.
Apetece-me esta rima
Fácil e forte.
Apetecem-me:
Demônios indianos.
As minhas listas de entidades
Intermináveis com a juventude.
Apetece-me o
Sublinhado vermelho
Dos cadernos de carne salgada.
Apetece-me apontar os pactos
Para não lhes perder a conta.
Apetece-me o refúgio infernal.
Apetece-me um caldo,
A solenidade de um ritual.
Apetece-me
Rafael caído.
Partido aos pedacinhos.
Apetece-me que
O cão Cérbero
Coma tudo até o fim
Como eu lhe ensinei...
Assim... muito bem assim...
Apetece-me o pentagrama.
O sangue quente
No interior da chama.
Apetece-me a missa vermelha,
O sexo gratuito,
O baptismo.
Apetece-me até, um dia destes,
Convidar Cristo!
Apetece-me a conferência.
Apresentar-me
Sem coerência.
Com loucura pelos ombros
E uma pele de animal místico.
Apetece-me o calor,
Por favor: uma quintessência bem gelada!
Apetece-me atirar
Uma pedra no ar,
Sem mais!
Comprovar a teoria
Dos lugares naturais.
Apetece-me o estigma
A jorrar confettis por todo o lado.
Apetece-me Leviatã,
O seu beijo molhado.
Apetecem-me as
Várias prostitutas infernais
Num jogo de cabras cegas.
Ai! Apetece-me um athamé
Que rompa todas as celas.
Apetece-me o limão
Para escrever uma mensagem.
Apetece-me Pazuzu
Para me levar numa viagem.
Apetece-me o genocído selectivo.
Eu ser o dedo no botão.
Apetece-me ser o burro
A perseguir a cenoura.
Apetece-me a serpente,
Todo o anjo demente.
Apetece-me o ácido e a corrosão.
Apetece-me estrangular-te,
Espalhar-te por toda parte.
Apetece-me o Poeta,
Apetece-me o Esteta.
Apetece-me o Demonólogo,
Seu filho Antropólogo.
Apetece-me jogar
No número da Besta
E ganhar.
O que eu não daria
Para dançar
E para vestir
Tão bem quanto o Diabo.
Agora a sério:
Apetece-me o labirinto.
A morte.
A descida.
Apetece-me ser Demônio _
Dispensar toda
E qualquer espécie
De vida.
Fernando Ribeiro,Poema d´amoniaco in Como escavar um abismo
Quanto ao conteudo propriamente dito, acho que vou continuar a digerir...
bjs feio meu...
Parafuza top
terça mai. 17, 06:16:00 da tarde 2005
E a mim apetecia-me tanto entender-te......... top